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quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

CAPÍTULO 9 | A Árvore.

  Alice narrando...

  Aquela tarde foi uma das mais estranhas que eu já tive em anos namorando o Julian. Logo quando o filme acabou, nós fomos pra casa em silêncio. Ele nunca falava nada quando via que eu estava estressada - como já disse.
  Cheguei em casa e fui direto para meu quarto. Percebi que tinha um bilhete na porta e li.
  ''Alice... me desculpe por hoje. Não foi minha intenção te deixar com dúvidas. Todas elas serão esclarecidas. Me encontre no lago perto daquela fábrica antiga. Ass: Justin'' - dizia.
  A fábrica ficava não muito longe de casa... uns 5 quilômetros talvez...
  - Pai? - eu o chamei. Ele estava na cozinha.
  - Oi?
  - Me empresta o carro? Eu vou no lago dar uma volta. Não demoro. - pedi.
  - Claro. Mas toma cuidado. - ele disse.
  - Ok. Obrigada.
  Eu desci novamente e peguei as chaves que ele tinha deixado em cima do sofá. Entrei no carro e liguei o rádio. Estava tocando alguma coisa de Beyonce. Lembrei do Justin - ele é louco por ela. Dei risada de mim mesma por saber aquele pequeno detalhe dele.
  Resolvi ler de novo o bilhete que havia trazido comigo. Todas elas serão esclarecidas, dizia. Mas como?
  Chegando lá, eu desci do carro e não vi Justin. Reparei que nas árvores que se seguiam em uma trilha, haviam outros bilhetes. Fui andando e lendo. O primeiro dizia ''Que bom que você veio! Continue andando''. O segundo dizia ''Isso mesmo! Você está fazendo um bom trabalho, mocinha. Continue!''. Mas que...
  Eram no total 7 bilhetes, contando com o que estava na minha porta. Todos dizendo para continuar.
  No fim da tal trilha, havia uma cabana abandonada e percebi que tinha uma luz vindo de lá de dentro.
  O último bilhete - o sétimo - estava na porta da cabana. ''Alvo alcançado. Câmbio, desligo. Ah, desculpe. Pode entrar!''. Eu ri com aquele recado.
  Bati na porta e entrei. Justin estava em pé ao lado de uma mesa, de costas para mim. Quando ele viu que eu entrei, ele se virou e sorriu.
  - Oi, Alice. Novamente, me desculpe por hoje - ele disse, me abraçando.
  - Pra que tudo isso, Justin? - eu disse impressionada com todas as coisas que ele havia preparado. Uma mesa com frutas e alguns doces iluminada por velas - pensei que poderiam ser as luzes que eu vi - e um violão no canto da sala.
  - Shhh, sente. Se quiser comer, coma. Mas se não podemos ir direto ao ponto. - ele disse, pegando o violão.
  - Que ponto seria?
  - O ponto em que nós vamos lá pra fora, sentar na beira do lago e eu vou cantar pra você. Como pedido de desculpas, é claro. - ele disse.
  - Então... vamos direto ao ponto - eu ri e o segui até a beira do lago.
  A lua estava linda naquele dia e estava iluminando tudo.
  - Lembra que eu disse que quando a gente ficasse amigos eu ia cantar uma música pra você? - disse Justin se sentando e posicionando o violão.
  - Claro. Você já fez a música? - eu disse, surpresa e feliz.
  Everybody is laughing in my mind
  Rumors spreading about this other guy - ele começou a cantar. Sua voz era linda. Como um anjo.
  Do you do what you did when you did with me?
  Does he love you the way I can? 
  Ele continuou cantando a música. Nela, ele dizia que queria ser o garoto que estava com alguém que ele amava...
  - Você fez pra alguma menina especial, não foi? - eu disse, sorrindo. - A música é muito, muito linda! Parabéns! E você canta super bem.
  - Foi sim... sabe? Eu costumava odiar essa menina. Mas aí um certo dia o namorado dela chegou e eu senti, pela primeira vez em anos que eu a conhecia, ciúmes dela. O tempo foi passando e hoje eu e ela somos amigos... infelizmente só amigos.
  - Hummmm... por acaso essa menina sou eu? - eu perguntei, sorrindo. Senti meu coração batendo forte.
  - Dúvidas?
  - Justin... eu não sei o que dizer... - eu disse, perplexa. O Justin me ama. Ai Deus... minha vontade era de dizer que eu o amava também e que minha vida com Julian não fazia mais sentido. Que quem eu queria era ele mas... não podia. Não ainda.
  - Não precisa dizer nada... eu só queria que você soubesse disso. - ele disse, piscando e dando um sorriso de lado que fez meu coração palpitar mais ainda. - Vem cá. - ele me chamou, levantando e pegando em minha mão para que eu também levantasse.
  - O que foi? Mais surpresas?
  - Tá vendo essa árvore? Ela vai ser a nossa árvore. A árvore do primeiro beijo. - ele disse chegando perto da árvore e desenhando nossas inicias A.M + J.B e uma barra.
  - Essa barra é o que? - perguntei, curiosa.
  - Que dia é hoje? E horário, por favor. - ele perguntou. Ignorando minha curiosidade e ainda atento para as iniciais.
  - 26 de janeiro. Às 6:15 da noite. - eu respondi.
  - Então ano que vem, dia 26 de janeiro às seis e quinze nós viremos aqui para comemorar o aniversário do primeiro beijo e faremos outra barra. Cada barra significa um aniversário. - ele esclareceu.
  - Mas nós nem nos beijamos ainda.
  - Isso mesmo. Ainda. - ele disse e sorriu maliciosamente pra mim.
 

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